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Samurai X: O Filme - RESENHA


Se você cresceu nos anos 90/2000 deve ter assistido alguns animes durante sua infância. Praticamente todos os canais de TV aberta passavam essas animações japonesas em sua grade, então era comum assistir os desenhos depois do almoço, ou acordar cedo no sábado para acompanhar seus personagens favoritos.


Aqui no blog temos posts sobre Yu Yu Hakusho e Hunter x Hunter, mas um que eu me amarrava era Samurai X. A série conta a história de Kenshin Himura, um espadachim andarilho, outrora retalhador a serviço das tropas do imperador Meiji, que prometeu nunca mais matar e usar sua espada apenas para ajudar ao próximo. A animação se passa no Japão durante os primeiros anos da Era Meiji (segunda metade do século XIX), e acompanhamos as situações que fazem com que Kenshin se sinta novamente forçado a brandir sua espada.


A verdade é que já vimos os estúdios de cinema adaptando alguns animes e mangás em versões live action, e nem sempre o resultado é satisfatório, vide Dragonball Evolution de 2009, mas no caso de Samurai X o produto final é muito bom, o que foi uma grata surpresa. Acho que um dos fatores para seu sucesso foi a decisão de focar a adaptação em apenas um arco da série, nesse caso o primeiro, onde temos uma apresentação e um desenvolvimento adequado dos principais personagens.


Logo no inicio acompanhamos a batalha que põe fim ao Período Edo, encerrando uma era de 256 anos do sistema feudal dos Xogunato Tokugawa e consequentemente culminando com a restauração do governo imperial no Japão. Conhecido como Battousai Himura, o protagonista era um retalhador a serviço dos monarquistas, ou seja, um assassino de elite das tropas imperiais. Com o fim dos xoguns e o processo de industrialização do Japão, os samurais não eram mais necessários nesse novo Estado, fazendo com que vivessem à margem da sociedade. Amargurado por todas as mortes que causou, Kenshin vê sua missão cumprida e decide se tornar um andarilho e nunca mais matar, passando os próximos dez anos vagando pelo país em busca de redenção e ajudando as pessoas mais necessitadas.


Em suas andanças Kenshin conhece Kaoro Kamiya, uma jovem que possui um dojo e ensina kendo no estilo “Espada para a Vida” criado por seu pai. Em seu primeiro encontro Kaoro tenta capturar Kenshin por pensar que ele é o responsável pela série de assassinatos que estão ocorrendo na cidade atribuídos ao lendário Battousai. Kaoro está em busca do resgate da honra do “Espada para a Vida” porque o assassino está usando o estilo de luta da sua família para cometer os crimes. Por sua vez, Kenshin prova não ser ele que está cometendo os assassinatos ao mostrar sua Sakabatou, uma espada com lâmina invertida e por isso incapaz de matar ninguém.


Eventualmente Kaoro encontra o verdadeiro assassino, trata-se do espadachim Jin-E Udou, um ex-samurai sobrevivente da guerra que encontrou a katana abandonada por Kenshin no campo de batalha dez anos antes e tomou para si a alcunha de Battousai. Temos, assim, estabelecido o conflito principal do filme.


Samurai X é um filme sobre mudança, adequação e expiação. Na cena da batalha que decretou a restauração Meiji conhecemos três samurais: Kenshin, Saitou e Uduo. Três homens que lutavam por aquilo que acreditavam, mas que com o fim da Era dos Samurais perderam seu lugar na sociedade, sendo obrigados a se adaptar ao progresso que viria com a monarquia. Kenshin se torna um andarilho pacifista, Saitou consegue se colocar em um importante posto no novo governo e Uduo se torna um guarda-costas, prestando serviço para quem pagar melhor.


As atuações estão muito boas e bastante fiéis aos personagens do anime. Takeru Sato, o intérprete de Kenshin consegue transmitir ternura nos momentos em que está relaxado e uma impiedade inerente nos momentos de conflito, alternando entre movimentos controlados e explosões de agilidade. Gostei bastante dele. Por outro lado, não posso dizer o mesmo do vilão Kanryuu Takeda. Achei o personagem muito afetado e dramático, sendo incapaz de transmitir o senso de perigo que se esperaria de um vilão desse porte, funcionando mais como um alívio cômico do filme do que como antagonista.


As lutas são muito bem coreografadas e poucos movimentos não parecem naturais. Um exemplo negativo é a cena final de Saitou, que ficou até bem fiel ao ataque do personagem no anime, mas no live action não funcionou como deveria. Só que considero esse um deslize pequeno comparado ao resto do filme, onde o uso de efeitos práticos trouxe realismo para a trama. Já na luta contra Sanosuke é possível perceber o peso de sua lâmina gigante em cada movimento, algo que poderia ter ficado ridículo nas telas funcionou muito bem.


Por se tratar de uma série com muitos personagens alguns tiveram seu desenvolvimento prejudicado na adaptação cinematográfica, tais como Sanosuke, Yahiko e Megumi. Creio ser um problema compreensível ao tentar manter ao máximo a fidelidade ao anime, mas sem perder o dinamismo.


Nota: 7,5 / 10,0


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