A seleção do Tite quase sempre jogou com quatro homens no meio de campo, sendo dois armadores e dois atacantes. O famoso 4-4-2, sem os pontas. Vocês vão lembrar que na final da Copa América, jogada em julho de 2021 aqui no Maracanã contra a Argentina, o meio campo da seleção era Casemiro, Fred, Paquetá e Neymar, com Richarlison e Cebolinha como atacantes, mas com obrigações defensivas. Muito parecido com a formação inicial no jogo contra a Bélgica três anos antes: Fernandinho, Paulinho, Coutinho e Neymar, com Gabriel Jesus e Willian na frente, mas tendo que voltar pra ajudar na marcação.
Foi só após a derrota contra a Argentina e a avalanche de críticas que os jogadores passaram a receber (https://br.bolavip.com/futebol/neymar-curte-ferias-em-ibiza-e-barriga-do-jogador-do-PSG-vira-meme-na-web-20210803-0001.html) que Tite mudou a formação tática do Brasil: veio a era dos pontas.
Isso mesmo. 15 meses antes de estrear na Copa do Mundo, Tite se viu obrigado a mudar sua visão do jogo para conseguir encaixar Vini Jr., Raphinha, Antony e Rodrygo no time. Para isso o Brasil perderia um jogador no meio de campo e os laterais subiriam mais para fazer o corredor. Eles passariam a fechar a linha com os defensores. O problema é que, se atacando o meio de campo contava com três jogadores, defendendo eram apenas dois, já que Neymar não volta pra marcar. Isso não era grande coisa contra seleções mais fracas, com meias de baixo nível técnico ou que oferecessem muito espaço para o Brasil explorar a velocidade dos "externos desequilibrantes".
No entanto, quando o Brasil teve que enfrentar um trio de meio campistas do quilate de Kovacic (Chelsea), Brozovic (Inter) e Modric (Real Madrid) as coisas não saíram muito bem. A Croácia controlou completamente o meio de campo, e como consequência o jogo, durante os mais de 120 minutos disputados. Já ao fim do primeiro tempo muitos torcedores enxergavam isso e pediam a saída de um dos pontas (preferencialmente Raphinha) para a entrada de um meia (Bruno Guimarães, por exemplo). Tite, por outro lado, ou não enxergou que os croatas faziam o que queriam no meio de campo ou realmente não tinha a capacidade necessária para mudar a forma de jogar da equipe. Suas substituições no segundo tempo foram Antony por Raphinha (ponta por ponta), Rodrygo por Vini Jr. (ponta por ponta) e Pedro por Richarlison (atacante por atacante).
O melhor técnico brasileiro mostrou, durante seis anos de trabalho, não ter a qualidade necessária pra dirigir a seleção de seu país. Com isso ele prejudicou ainda a carreira de todos os treinadores compatriotas. Se antes da Copa se falava em nomes como Dorival Jr. e Mano Menezes para assumir o Brasil, hoje o consenso é que só um estrangeiro poderá devolver nossos momentos de glória.