top of page
  • Foto do escritorBarbosa

Black Panther / Captain America: Flags of Our Fathers


Não posso dizer que sou um grande conhecedor dos quadrinhos. Claro, como muitos adolescentes, li bastante coisa no início dos anos 2000 mas eram basicamente histórias envolvendo o Hulk, que sempre foi meu personagem favorito. Depois disso, se me lembro bem, a única obra que acompanhei nesse formato foi The Walking Dead. No entanto, recentemente li uma história que me chamou atenção e posso dizer que gostei bastante: Black Panther/Captain America: Flags of Our Fathers. Peço desculpas por postar com o nome em inglês, mas não consegui descobrir se essa edição foi publicada por aqui. Trata-se de uma minissérie em quatro edições lançada em 2010 que coloca lado a lado os dois heróis do título.


A história se passa durante a segunda guerra mundial onde o sargento Nick Fury lidera o grupo conhecido por Comando Selvagem em uma missão secreta com o objetivo de destruir o programa nazista de mísseis intercontinentais. Quando as coisas dão errado, surge um soldado usando um uniforme chamativo nas cores da bandeira americana que derrota os inimigos sozinho e consegue controlar a situação. Fury revela que este é o Capitão América, a arma secreta dos Estado Unidos. Enquanto isso, na Alemanha, ao ver seu programa bélico colocado em risco Hitler envia o Barão Strucker até a misteriosa Wakanda com o objetivo de obter um suprimento de Vibranium, metal que Hitler imagina ser a solução para recuperar seu projeto dos mísseis intercontinentais.



O primeiro ponto que me chamou atenção nessa obra foi sem dúvida a arte de Denys Cowan. Por meio de seu traço meio bruto ele concede uma carga extra a situações que por si só já seriam bastante extremas. Nesse quesito Flags of Our Fathers é um quadrinho com muita violência gráfica, mas que na maior parte do tempo consegue ser satisfatória de uma maneira meio Tarantinesca. Destaque para a referência ao filme Dr. Strangelove de Stanley Kubrick.

Quanto ao argumento de Reginald Hudlin, este não fica para trás. O roteiro estabelece logo de cara o conflito dos nazistas contra os americanos e “wakandans”, sem colocar esses últimos em uma posição de vulnerabilidade, mas dando a eles o protagonismo natural na defesa de seu próprio lar. Mostrar o Pantera Negra e o Capitão América lado a lado é um recurso muito interessante, já que ambos compartilham o fato de serem mais do que indivíduos, mas símbolos de suas pátrias e povos. Claro que por se passar na década de 40 não é T’Challa que usa o manto do Pantera aqui, mas seu avô Azzuri (ainda vemos um T’Chaka criança que está sempre brigando com seu irmão) criando uma sensação de tradição e ancestralidade na linhagem real. Ao mesmo tempo ao colocar os dois heróis em momentos distintos de suas “carreiras” juntos cria-se uma dinâmica bacante de acompanhar entre eles. A posição de “neutralidade” da política externa de Wakanda também é abordada de maneira competente. Por mais que o Rei Azzuri queira proteger seu povo acima de qualquer outra coisa, será que ele deveria ignorar a ameaça que representa Hitler e o Terceiro Reich para o mundo? Ainda mais tendo os recursos para virar a maré da guerra?

A história é narrada sob o ponto de vista do soldado Gabe Jones, integrante do Comando Selvagem, que se vê em um dilema entre ser leal ao seu país ou aos seus ancestrais ao se deparar com Wakanda, o paraíso de tolerância, para qual, segundo o próprio Gabe, o mundo não está preparado, em contraste com o próprio Estados Unidos. Esse impasse está presente inclusive de maneira sutil ao observarmos como ele se relaciona e venera ambos protagonistas.

Um aspecto negativo é a equipe de super-humanos nazistas composta pelo Grande Mestre, a Mulher Guerreira e o Homem-Tigre sem Braços. Sendo que os alemães ainda conseguem fazer um acordo com o Gorila Branco, líder de uma nação africana vizinha e rival do Pantera, para que este se junte à equipe. Para o leitor casual os três primeiros parecem uma coleção de vilões bizarros de segunda categoria. Fui pesquisar e só achei algo relevante sobre o Grande Mestre, que seria a contra-parte alemã do Capitão América. Acho que Hudlin poderia ter focado na dinâmica entre os nazistas representado pelo Caveira Vermelha e o Barão Strucker e o Gorila Branco. No entanto, acabei entendendo o uso desses vilões não tradicionais, apesar de ainda achar que poderiam ter criado uma narrativa diferente.


Black Panther/Captain America: Flags of Our Fathers é uma história incrível, com uma temática mais adulta e que aborda elementos que são relevantes ainda hoje. Até a publicação desse post ela estava gratuita para o Kindle em inglês (https://www.amazon.com.br/Captain-America-Black-Panther-Fathers-ebook/dp/B01690XQRS/ref=sr_1_4?__mk_pt_BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&crid=1STTPY9N55VOX&dchild=1&keywords=black+panther+flags+of+our+fathers&qid=1600717608&s=digital-text&sprefix=Black+Panther+flag%2Cdigital-text%2C277&sr=1-4).

47 visualizações4 comentários

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page