top of page
  • Foto do escritorLeandro Barreiros

A BRUXA


A bruxa estreou em 2016 no Brasil, mais especificamente em março e mais especificamente ainda no dia 3.


O filme se passa no século XVII e trata de uma família extremamente religiosa da Nova Inglaterra. Eles decidem se afastar da sua vila por acreditar que as outras pessoas não são puras o bastante nas suas práticas religiosas. Verdade seja dita, é o patriarca, William (interpretado por Ralph Ineson), que toma a decisão de se afastar do vilarejo e louvar o senhor perto da floresta macabra. Isso, claro, traz sérias consequências para sua família, pois talvez haja ameaças satânicas escondidas na floresta. Ou talvez não.


(Têm sim. São bruxas.)


Houve muita polêmica em torno da qualidade do filme. Algumas pessoas disseram que era a melhor coisa que o gênero do horror ofereceu nos últimos vinte anos, outras pessoas se decepcionaram com a falta de “sustos” que o filme (não) proporcionou e outras pessoas simplesmente disseram “meh”.


Como um fã do gênero e um eterno defensor da verdade, me vejo obrigado a concordar com o primeiro grupo. “A bruxa” é o melhor filme de horror que assisti nas últimas décadas.


Mas segure os seus dedos antes de digitar o nome do filme na busca do Netflix (sim, está lá. Pelo menos por enquanto). Apesar das palavras fortes, é importante que você saiba que “A bruxa” não chegou a esta classificação por fazer de maneira magistral o que vemos nos infinitos filmes sobrenaturais que são lançados atualmente. Ao contrário. Ele chegou neste lugar porque tentou uma abordagem diferente.


Ao invés das cenas que assustam e mexem com nossa adrenalina, o filme opta por trabalhar com o desconforto e com a quebra de nosso senso de equilíbrio. A todo momento do filme o telespectador (bom, pelo menos este telespectador) se encontra com uma angustia provocada pelas tensões internas da família religiosa (núcleo do filme) e pela aparição de bruxas que não estão nem aí para abraçar árvores e os bichinhos da floresta. Elas adoram o capeta. Ponto.




Esse é um dos pontos que acho sensacionais no filme. O diretor e roteirista, Robert Eggers, não toma a saída fácil de inverter o conceito de bem e de mal, retratando as injustiças religiosas cometidas contra bruxas inocentes (o que é um fato histórico). A perspectiva dele joga ambos os grupos na fogueira. Religiosos, bruxas, adultos, crianças, todos são seres humanos e todos estão suscetíveis a praticar diferentes horrores. Seja culpar os seus filhos pelas merdas que você faz, mentir por não gostar de alguém, ou fazer manteiga de bebê e passar no seu corpo. Somos todos maléficos, em algum nível.


Então eu sugiro que você não assista ao filme com a expectativa de encontrar o melhor filme de terror/horror do mundo. Espere encontrar apenas um filme que tenta tratar o tema com enfoque diferenciado. E depois se pergunte se ele teve sucesso ou não nessa abordagem.


Não esqueça de voltar aqui e dizer o que achou. A bruxa é uma nova modinha cult ou tem potencial para se tornar um novo clássico do horror? Ou, ainda, viverá apenas para ser um filme “meh”? Se William colocasse o capuz do morcego mais alguém pensaria que ele é o batman com aquela voz tão profunda?



30 visualizações2 comentários

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page