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O QUE DEU ERRADO EM "O HOBBIT"?


Recentemente assisti novamente as duas trilogias de Peter Jackson sobre as obras de Tolkien: O Hobbit e O Senhor dos Anéis. Não há muita discussão quanto ao fato de que a prequel seja inferior à trilogia original em quase todos os aspectos, inclusive técnicos. Basta vermos os índices que os filmes apresentam no Rotten Tomatoes:


Uma Jornada Inesperada (64%)

A Desolação de Smaug (74%)

A Batalha dos Cinco Exércitos (59%)

A Sociedade do Anel (91%)

As Duas Torres (95%)

O Retorno do Rei (93%)


Muito conteúdo já foi feito por aí sobre isso, então aqui irei apenas falar de algumas das situações que mais me incomodaram pessoalmente na trilogia de O Hobbit em comparação com O Senhor dos Anéis.


DESNECESSARIAMENTE LONGO


O livro O Hobbit é uma história lúdica, com mais aspectos de conto de fadas do que de aventura. Afinal é a fábula de um ser muito pequeno que de repente se vê como parte de um mundo muito maior e complexo. Essa pequena criatura chamada Bilbo atravessa meio mundo como parte de uma comitiva com o objetivo de recuperar o controle de uma cidade anã perdida. Durante sua jornada ele encontra um anel que, apesar de útil, não é muito importante nessa história.


No entanto, os produtores resolveram adaptar essa história de 300 páginas como um blockbuster épico dividido em três filmes de três horas cada, em uma clara tentativa de repetir o sucesso anterior de O Senhor dos Anéis. Mas enquanto que nos filmes dos anos 2000 a narrativa é fluida e há eventos suficientes para preencher todo o tempo de tela, aqui tudo é muito arrastado e parece que a história não se desenvolve.


SIDE QUESTS


Seja para ocupar tempo de tela (encher linguiça mesmo), fazer referência à trilogia mais famosa, ou dar um peso mais dramático para a história, O Hobbit parece se dividir entre o plot original da situação do dragão em Erebor e a história paralela envolvendo o ressurgimento de Sauron. Se bem me lembro, no livro é apenas mencionado a existência de um Necromante na Floresta das Trevas. Uma leve referência à existência de outros males no mundo.


No entanto, na adaptação para o cinema resolveram contar uma história de “origem” de Sauron. E aí temos as desnecessárias side quests de Gandalf e Radagast, além da inclusão de personagens como Galadriel e Sauruman. E o que piora é o ar de mistério em torno da identidade do Necromante que já nos foi revelada 10 anos antes.


REFERENCIAS À O SENHOR DOS ANÉIS


Outro ponto que me incomodou nesses filmes foram as sucessivas referências à trilogia original. Um exemplo é quando o Rei da Floresta das Trevas dá à Legolas a missão de encontrar o jovem Aragorn, de fato, a própria presença do elfo nesses filmes não se justifica muito. Mas aqui estou sendo chato porquê se trata mais de um pequeno easter egg do que algo estranho à história.


Muito pior são os personagens que estão aqui para emular outros da sequência original. Seria Thorin um paralelo à Aragorn? Tauriel é a versão élfica de Éowyn? E Azog representa o Rei Bruxo de Angmar em sua perseguição à comitiva? Existem ainda situações que são cópias sem sentido de outra história, e aqui me refiro ao casal Tauriel/Kili uma versão inexplicável e sem as mesmas sutilezas e complicações de Arwen/Aragorn.


EXAGERO


Claro que os filmes baseados nas obras de Tolkien são fantasias, mas precisam fazer sentido dentro do que é estabelecido dentro daquele Universo. Existe muito exagero em O Hobbit, o que faz com que a suspenção da descrença seja afetada, e assim, aquilo deveria parecer uma demonstração de habilidade ou uma situação de grande perigo fica com aspecto cômico. Por exemplo, quando Legolas desafia às leis da física ao correr no ar, ou a fuga através dos Tuneis dos Goblins. No Senhor dos Anéis as acrobacias do elfo são impressionantes, mas aceitáveis dentro daquela ficção, assim como um obstáculo perigoso era um desafio para a comitiva do anel.


Por fim, deixo claro que gosto de todos os filmes e me divirto bastante com eles. O universo criado por Tolkien sempre foi um dos meus favoritos na ficção desde que um amigo de infância me emprestou O Hobbit. Aqui é apenas uma crítica ao potencial que acho que foi desperdiçado.

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